Com o forró na cabeça e o pé na estrada

Eles têm entre 16 e 25 anos, estudam, alguns só trabalham e têm um hobby em comum que, aos poucos, está virando uma profissão: uma banda de forró. Tudo começou meio por acaso num trabalho da escola e, a partir daí, foram surgindo convites, o apoio dos familiares e assim foram construindo um sonho. Com garra e dedicação, tudo ganhou forma e o sonho ganhou nome: Os Nazarenos. Em um bate-papo com Jhonnatas, guitarrista da banda, fiquei sabendo todos os detalhes desse jovem grupo pernambucano e transcrevo aqui pra vocês:

Como surgiu o grupo?
Tudo começou em 2014, quando estávamos cursando o 3º ano do Ensino Médio e nos reunimos para tocar sem nenhum tipo de pretensão. Jadiael Berto, que era nosso professor de Geografia, convidou Lenivaldo, Otávio, Carlos Eduardo e a mim para tocarmos algumas músicas pé-de-serra no Projeto Cordear, realizado no colégio em que estudávamos. Gostamos da experiência e decidimos chamar o Rômulo, que na época era baixista, e o Pierre para ficar no vocal. Nos apresentamos no evento com essa formação e o público gostou do resultado, o que nos levou a receber novos convites. Foi então que decidimos melhorar a qualidade de grupo intensificando a rotina de ensaios. Também convidamos mais componentes para a banda: João Paulo, João Fernandes e o José Carlos.

A formação do grupo sempre foi essa?
Não, na formação inicial tínhamos o Jadiael, que tocava sanfona, e o Rômulo no contrabaixo. São dois grandes amigos que contribuíram muito para a formação do grupo mas, infelizmente, pela falta de tempo para participar dos ensaios, já que contam com outros compromissos profissionais, decidiram sair do grupo. O integrante mais recente é o José Carlos.

Qual é a rotina de ensaios do grupo?
No começo ensaiávamos com mais frequência, agora pelo menos uma vez por mês tocamos em um final de semana. Aí aproveitamos para colocar o papo em dia, organizar o repertório e outras questões. Mas quando estamos em uma época que demanda um número maior de apresentações, intensificamos também a periodicidade dos ensaios.

Vocês têm um trabalho no mercado, o CD "Os Nazarenos - Volume 1 - A pegada é boa". Como foi a produção dele?
Olha, não foi algo muito demorado não, em cerca de um mês e meio finalizamos o projeto e posso dizer que foi uma experiência fantástica para o grupo, tendo em vista que muitas dificuldades apareceram. Isso já era esperado, mas com união e perseverança conseguirmos concluir o disco. Inicialmente gravamos 100 unidades para venda, pois não imaginávamos que iríamos vender todas. Porém, sem nos darmos conta já tínhamos superado os 500 exemplares.

Por que entre tantos estilos que se destacam entre os jovens, como exemplo o forró universitário, vocês optaram pelo pé-de-serra?
É o seguinte: infelizmente, hoje em dia o pé-de-serra, estilo musical tão característico do Nordeste, vem sendo modificado de forma tão abrupta que está se resumindo a letras sem sentido e em versos de 5 linhas. Isso faz com que o forró se assemelhe a tantos outros estilos que existem por aí e se torne cada vez mais esquecido.

Como nordestinos que somos, decidimos misturar o estilo pé-de-serra ao forró autêntico e o denominamos de "forró xote", ou seja, músicas que têm boas letras e são gostosas de se dançar. Depois que inserimos essa filosofia no nosso estilo, recebemos um bom feedback dos nossos colegas e familiares, que gostaram muito do resultado. Então decidimos continuar.

No primeiro CD vocês cantam músicas de outros autores, pretendem também lançar um disco autoral?
Pois é, no nosso primeiro trabalho só cantamos músicas de grandes poetas nordestinos como Jorge de Altinho, Luiz Gonzaga, Flávio José e outros. Nós até temos planos de um disco com composições nossas, mas é um projeto a longo prazo, queremos dar um passo de cada vez.

Visto que os membros do grupo mantêm profissões paralelas ou ainda estudam, é tranquilo realizar os shows? Como vocês organizam a agenda?
Às vezes é meio complicado fazer com que todas as agendas se alinhem, porém, a gente sempre senta e conversa para organizar tudo. Até agora, sempre conseguimos encaixar tudo e juntar a galera pra ir lá, fazer o show e, graças a Deus, ter a aprovação do público, como vem acontecendo até hoje.

Então, pra finalizar, o que os Nazarenos planejam para o futuro?
Pretendemos continuar com o nosso projeto, pois, além de estarmos tocando um estilo de que gostamos, somos amigos de longa data. Temos uma amizade muito forte que foi firmada não só pela banda, mas pela parceria que já tínhamos antes dela. Não é fácil ter um pouco da vida pessoal de cada um nesse trabalho, mas sempre damos um jeitinho e, até hoje, graças a Deus vem dando tudo certo.

Quem são Os Nazarenos?

Vamos ouvir uma das músicas do CD dos Nazarenos? Clique no player abaixo e curta a faixa Confidências, sucesso de Jorge de Altinho: